O Sonho (continuação V )

Com o tempo a passar Ana Maria cada vez tinha menos tempo para pensar o que lhe iria dar no dia em que iriam fazer um ano de namoro, muito menos sabia o que lhe dar no dia dos namorados, que por coincidência era no dia a seguir do dia em que iam fazer um ano. Eram dias muito seguidos e Ana Maria não tinha a certeza se iria estar com Ivo.
Mas de qualquer maneira Ana Maria tinha de pensar…



Queria oferecer-lhe algo especial, não sabia era o quê…
Mas especial implicava ser algo diferente…
O que é complicado de oferecer a alguém.
Queria dizer que teria de lhe oferecer algo que nunca tivesse oferecido a ninguém, o que a deixou a pensar.
Pois sendo Ivo uma pessoa especial oferecer-lhe algo diferente tornou-se ainda mais complicado. No fundo, Ana Maria só queria oferecer-lhe algo que o fizesse lembrar de dela, “Mas o quê?”, era essa a questão ao qual Ana Maria não tinha resposta.
Mesmo que ela quisesse pedir ajuda a alguém para sair desta embrulhada não o poderia fazer, pois não tinha quem a safasse desta.
Ana Maria chegou mesmo a pensar que escolher uma prenda para alguém especial fosse mais fácil, mas afinal enganou-se.
Quer dizer enganar não enganou, mas como Ivo era mais especial que a sua própria melhor amiga torna-se mais difícil escolher algo.
Passaram mil e uma coisas pela cabeça de Ana Maria, mas eram tão banais que desistiu da ideia.
Pensou,
Pensou,
Pensou,
E voltou a pensar,
Mas nada! Não lhe ocorria nada que fosse especial o suficiente.
Ana Maria já estava a dar em tonta.
Ela pensava e os dias passavam,
Ela pensava e as horas passavam,
Ela pensava outra vez e os minutos passavam,
Voltava a pensar e os segundos não paravam.
Era uma guerra contra o tempo, ao qual Ana Maria não estava a ver fim.
Nem o tempo parava,
Nem as ideias surgiam.
Sugestões de alguém não as tinha, e mesmo que as quisesse pedir nunca iria resultar. Ela nunca iria dizer tudo o que se passava para que lhe dissessem “olha oferece-lhe ‘isto’ ”.
Dizer tudo implicava muita coisa e tempo era coisa que Ana Maria não tinha naquele momento. Como podem calcular ela estava sozinha nesta embrulhada.
“Ainda se eu já tivesse passado por isto alguma vez, agora se calhar talvez fosse mais fácil. Mas para variar eu nunca passei por isto.”, pensou Ana Maria.
Para complicar mais Ana Maria queria algo que para além de o fazer lembrar dela, o fizesse sorrir, o que ainda complicou mais a situação. Se pensar em algo que fizesse Ivo lembrar dela já era complicado, pensar em algo que o fizesse lembrar dela e ao mesmo tempo o fizesse sorrir, pior ainda.
Ideias:
Aceites-> 0
Eliminadas-> ui, já lhe perdeu a conta.

Ana Maria lembrou-se que para além daquilo que queria antes também queria que fosse algo que o fizesse sentir a sua presença. Mas mesmo assim não lhe surgiram ideias, as coisas que se ia lembrando que queria só tornou mais difícil a escolha de uma só coisa.
Ana Maria só via os dias a passar,
E ideias…
…nem uma…
Até que teve uma ideia…
… “não, não pode ser, é banal” disse Ana Maria.

Estaca “O” outra vez.
“AH! É isso, já sei…” pensou ela.
Então lembrou-se, mas não queria acreditar que tinha demorado tanto tempo para lhe surgir esta ideia…
Para melhorar a situação a mãe de Ana Maria disse-lhe que podia ir passar a semana com Ivo e ela nem pensou duas vezes. Preparou a prenda com os pormenores todos em que tinha pensado, arranjou as malas e no dia em que Ivo veio jantar a sua casa voltaram os dois para casa dele… 

No dia em que Ana Maria lhe deu a prenda Ivo abriu e riu-se… Ana Maria ficou feliz mesmo sem Ivo ter dito nada, e perguntou-lhe: “Gostas-te?”


 E Ivo respondeu “Sim, muito meu amor.”


4 de Março de 2012